sexta-feira, 23 de março de 2012

Marius Petipa e o nascimento do Ballet Clássico - Parte I

A palavra "Clássico" possui vários significados, e como já foi comentado pelo Maestro Galindo, ela causa muita confusão quando usada para definir alguma coisa relacionada ao campo das artes, seja ela qual for.
De acordo com o Dicionário Michaelis, uma das definições que pode ser atribuída a esse termo é:
"Diz-se da obra ou do autor que é de estilo impecável e constitui modelo digno de imitação". Clássico aqui pode se referir a toda e qualquer obra ou autor que é considerada imortal, e portanto, uma fonte de inspiração para os artistas de hoje.
Porém esse termo também é derivado da palavra "Classicismo", que se refere a um movimento artístico que valoriza a cultura greco-romana. Mas ao contrário da Literatura, o Classicismo na dança vem logo após o Romantismo, durante um período de intrigas entre o Ballet Russo e o Ballet Italiano, que nesse momento disputavam o título de melhor técnica do mundo.
As peças apresentadas nesse período tem como característica principal a presença de sequências coreográficas bastante complicadas, a fim de extrair ao máximo as habilidades técnicas dos bailarinos. Foi nessa época que surgiram os famosos 32 fouettés no 3º Ato de "O Lago dos Cisnes" - de Tchaikovsky, que mais tarde se tornaram populares em outras peças.
Pas de Deux do Cisne Negro - Coda
Versão Coreográfica de Marius Petipa
Com Natalia Makarova e Anthony Dowell
The Royal Ballet, 1980


Pas de Deux do Cisne Negro - Completo
Versão Coreográfica de Vladimir Bourmeister
Com Svetlana Zakharova e Roberto Bolle
Teatro Alla Scala, 2004

Os principais temas abordados nas peças fazem jus a escola literária, onde nas histórias aparecem personagens da realeza, deuses e figuras míticas, tornando os ballets dessa época verdadeiros contos de fada. É desse período também a invenção do tutu clássico, com saias curtas a fim de dar maior liberdade aos movimentos, que podem ou não ter uma armação de arame como sustentação.

Marianela Nuñez como Fada Lilás
A Bela Adormecida (The Royal Ballet, 2006)

E é claro que quando falamos em Ballet Clássico, o primeiro nome que vem a nossa cabeça é do coreógrafo francês Marius Petipa. Como eu já havia comentado no final da matéria sobre o Ballet Romântico, Petipa pretendia apenas uma rápida estada na Rússia, porém acabou se tornando o principal coreógrafo do país e permaneceu lá por toda sua vida. 
Petipa foi o responsável pela remontagem de grandes pérolas do Ballet Romântico na Rússia, e também se destacou na criação de diversas peças, em conjunto com os melhores artistas de sua época. Entre os principais estão os compositores Tchaikovsky, Ludwig Minkus e Aleksandr Glazunov, e também o coreógrafo Lev Ivanov, que veio a se tornar seu assistente.

Na segunda parte desta matéria, falaremos sobre as principais peças criadas por Petipa nesse período tão rico e tão importante da história da dança.

Um grande abraço a todos!!!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Uma homenagem especial...


Mulher...

Que traz beleza e luz aos dias mais difíceis
Que divide dua alma em duas
Para carregar tamanha sensibilidade e força
Que ganha o mundo com sua coragem
Que traz paixão no olhar

Mulher
Que luta pelos seus ideais
Que dá a vida pela sua família

Mulher
Que ama incondicionalmente
Que se arruma, se perfuma
Que vence o cansaço

Mulher
Que chora e que ri
Mulher que sonha...

Tantas Mulheres, belezas únicas, vivas
Cheias de mistério e encanto!
Mulheres que deveriam ser lembradas,
amadas, admiradas todos os dias...


Essa é uma singela homenagem do Studio Dança Tamara Lisa a todas as mulheres, do mundo inteiro, que dedicam suas vidas à arte da Dança. Seja você bailarina clássica, contemporânea, de Jazz, Dança de Salão, Street, Dança do Ventre, famosa ou anônima, desejamos a todas um Feliz Dia Internacional da Mulher!!!

terça-feira, 6 de março de 2012

Ballet no Cinema

Preparem-se pessoal!!! O próximo fim de semana tem cinema especial!!!
E o que vai passar??? Simplesmente um dos ballet mais encenados desde a sua estréia: Giselle!!!!


“Giselle” é um dos mais influentes de todos os balés românticos e também uma das maiores e mais populares obras de balé e do repertório do The Royal Ballet. O papel-título apresenta o poder do amor da mulher face à traição, sendo um dos papéis mais tecnicamente exigentes e emocionalmente desafiadores da dança clássica. Marianela Nuñez é Giselle e Rupert Pennefather interpreta Albrecht. O balé possui dois atos, com coreografia de Marius Petipa, direção de Peter Wright e cenários e figurinos de John Macfarlane, que acentua os contrastes à medida que a história evolui entre o mundo humano e o sobrenatural.

Posso dizer que a versão encenada pela Royal é sensacional!!! E poder ver essa peça no cinema com uma das bailarinas mais requisitadas da atualidade vai ser imperdível *-*

Por isso, anotem na agenda:

Dia 10 de Março (sábado) - às 14:00
Dia 11 de Março (domingo) - às 18:00
Dia 13 de Março (Terça) - às 19:00

A lista dos cinemas participantes você encontra aqui.

Garanta já o seu ingresso e bom espetáculo!!!

quinta-feira, 1 de março de 2012

O Ballet Romântico

Com certeza esse é um dos capítulos mais importantes da história da dança, pois é desse momento que herdamos os principais ballets de repertório que conhecemos hoje, e também o nosso instrumento de trabalho: as sapatilhas de ponta.
O Romantismo na dança segue a mesma linha do literário, com histórias onde há o predomínio da emoção, geralmente sobre a mulher idealiazada e amores impossíveis, e também a presença de seres sobrenaturais como fadas, elfos, sílfides e espíritos.
A peça que inaugurou esse movimento e é considerada um marco na história da dança foi "A Sílfide", apresentada pela primeira vez no ano de 1832. Com coreografia original de Filippo Taglioni e música de Jean Schneitzhöeffer, a peça tem como característica principal o uso das sapatilhas de ponta, uma inovação que culminou na evolução do ensino e prática do ballet, colocando a mulher no foco das atenções. Neste momento, o homem assume o papel de partner, dando apoio aos movimentos das grandes estrelas.
A Sílfide (Ópera de Paris, 2004)
Com Aurélie Dupont e Mathieu Ganio

Outras invenções que vem dessa época são os tutus românticos, saias com várias camadas de tule, geralmente na altura da panturrilha, dando maior leveza e suavidade aos movimentos da bailarina, e também o surgimento do "Ato Branco", um ato inteiro onde todas as bailarinas do corpo de baile usam tutus brancos e sapatilhas de ponta. Essa receita deu tão certo que outros autores se utilizaram desse mesmo recurso. Surge assim "Giselle", que consagrou a bailarina Carlota Grisi em 1841. Com certeza uma das peças mais encenadas desde a sua estréia, sendo considerada um grande desafio mesmo para as bailarinas mais experientes.

Giselle (Teatro Alla Scala, 1996)
Com Alessandra Ferri e Massimo Murru


Mas não foram somente as histórias trágicas que fizeram fama nessa época. La Fille Mal Gardée nasceu em 1789, em meio à Revolução Francesa e é o ballet mais antigo conhecido. Inicialmente, a peça não tinha uma partitura definida, era uma verdadeira "colcha de retalhos", com trechos de diversas árias de óperas e canções populares, que acredita-se terem sido reunidas por Jean Dauberval, que além de coreógrafo também era um violinista competente. Seu enredo vai na contramão da maior parte das peças produzidas na época: ao invés de contar uma história trágica com a presença de espíritos e seres etéreos, La Fille Mal Gardée se passa no interior da França e mostra uma divertida história de amor entre dois camponeses, relacionamento esse que a mãe da moça não aprova, pois ela quer que a filha se case com o filho excêntrico de um rico fazendeiro. Foi justamente essa inovação que fez de "La Fille" um grande sucesso.
Nos dias de hoje, a versão mais conhecida tem partitura de Ferdinand Hérold, criada em 1828, mais tarde rearranjada por John Lanchbery para a coreografia de Frederick Ashton, criada em 1960.

La Fille Mal Gardée
Com Fiona Tonkin (The Australian Ballet, 1989) e 
Marianela Nuñez (The Royal Ballet, 2005)

Seguindo essa mesma linha dos ballet cômicos, surge em 1870 Coppélia. Com suas raízes no Ballet Romântico, essa peça criou uma base para o Ballet Clássico que ainda estava por vir. Baseado no livro Der Sandmann, de E. T. A. Hoffman, o ballet conta a história de um divertido triângulo amoroso, formado por Swanilda, seu noivo Franz, e Coppélia, uma boneca mecânica criada pelo Dr. Coppélius, e tão perfeita que parece uma pessoa de verdade! Além do enredo engraçado e com um final feliz, a peça inovou ao levar a cena danças folclóricas, como a Mazurka, dança típica da Polônia, e a Csardas, uma dança típica da Hungria.

Coppélia (The Bolshoi Ballet, 2011)
Com Natalia Osipova e Vyacheslav Lopatin

Mas o período Romântico teve grande importância mesmo na Rússia, que graças ao patrocínio do Czar, se tornou o grande centro mundial da dança, com destaque para as companhias Kirov/Mariinsky (em St. Petersburg) e Bolshoi (em Moscou).
Um grande nome a ser lembrado é do coreógrafo francês Marius Petipa. Ele foi a St. Petersburg em 1847, à passeio, e se tornou o principal coreógrafo do país, o que acabou fazendo com que ele permanecesse lá para sempre.

Na próxima matéria falaremos mais a fundo sobre a importância desse coreógrafo para a história da dança, e também sobre o surgimento do período Clássico.

Um Grande Abraço a todos!!!!