Os Primeiros Passos
“Eu tenho uma irmã cinco anos mais velha que fazia dança.
Ela praticou ballet por, mais ou menos, doze anos e depois parou. Mas mesmo com
essa influência eu nunca me interessei. Eu gostava mais de outras coisas, como
andar de skate, de patins, e na adolescência eu tive uma grande afinidade com o
teatro. O ballet entrou na minha vida mesmo aos 20 anos. Nessa época eu estava
na faculdade, 1º ano de Psicologia, e eu precisava fazer uma atividade física
que não fosse muito pesada, foi quando uma amiga me sugeriu o ballet. Confesso que eu
não tinha o perfil "bailarina", mas quando eu entrei na sala de aula e a música começou
a tocar foi amor à primeira vista! Daquele dia em diante eu fui em frente e
nunca mais quis sair. Eu comecei fazendo aula uma vez por semana, mas era muito
pouco pra mim, eu queria fazer todos os dias! Foi quando eu vim pra escola da
Tamara em 2010 e fui aumentando a minha carga horária. Mesmo quando eu não faço
ou não dou aula, eu estou sempre dançando alguma coisa, ensaiando... Hoje eu simplesmente
não consigo ver a minha vida sem o ballet, e não entra na minha cabeça o fato
de que antes eu não dançava!”.
Tempo de Dançar...
“Se tem uma coisa que eu aprendi na minha jornada foi que o
tempo da dança é muito relativo, pois o seu desenvolvimento depende do quanto
você se dedica. Eu danço há 4 anos e sempre fiz muitas horas de aula, nas
férias costumo fazer cursos intensivos, então eu consegui uma evolução mais
rápida. Pela Royal eu estou no grade 8, no meio do ano que vem eu faço a prova
final e ainda continuo meus estudos pra me tornar bailarina profissional, que é
o chamado Vocacional.”
O Primeiro Papel a
Gente Nunca Esquece...
“Na Mostra Interna do ano passado eu decidi que eu iria
dançar a Variação de Kitri, do pas de deux de Don Quixote, meu repertório
preferido! Antes disso eu nunca tinha interpretado nenhum papel semelhante e posso
dizer que foi muito difícil! Pra você ter ideia, eu comecei a ensaiar apenas
dois meses antes, e hoje eu tenho a consciência de que não é assim, do dia para
a noite. Meu corpo não estava preparado, e eu aprendi que pra se dançar
qualquer papel de repertório você precisa estudar pelo menos um ano, e pra uma melhor
adaptação os ensaios devem ter uma duração bem maior, com uma média de 6 meses.
Eu me lembro que no dia apresentação eu estava muito nervosa, passava mil
coisas ao mesmo tempo pela minha cabeça... em suma: Eu fiquei estática naquele
momento! Depois que eu dancei, o comentário do júri foi: “Você podia ter
sorrido!”. Mas apesar de toda tensão, eu também acabei me divertindo porque é
assim mesmo. Quando você está pra entrar no palco vem aquele frio na barriga,
aquele medo de esquecer tudo, mas depois que você entra a música te leva e aí é
só alegria!!!”
Um Desafio Açucarado!
“A Fada do Açúcar foi meu primeiro papel em uma peça
completa e o convite para interpretá-la veio justamente após eu ter dançado a
Kitri na Mostra. Mas ao contrário de feliz eu fiquei mais nervosa ainda... Apesar
de parecer simples, a coreografia é muito trabalhosa e bastante cansativa, são
praticamente 12 minutos!!! Os ensaios foram bem estressantes, me deu muita
câimbra, porque Fada exige muita força, muito sobe-desce, e pra mim foi bastante
complicado. Na minha concepção, eu achava que por ser uma fada a coreografia
era mais expansiva, a música mais alegre, e era totalmente o oposto do que eu
pensava: uma música pequena, com passos pequenos... Eu realmente não entendia o
porque. Ao ensaiar a variação eu me sentia muito limitada, e pra piorar a
situação o feedback da Tamara durante os ensaios não estava sendo positivo. Acho
que foi a soma de tudo isso que me fez pegar raiva desse papel... É
simplesmente a variação que eu menos gosto de dançar! Mas quando chegou no dia
da apresentação as coisas fluíram tão bem que ela ficou boquiaberta! Posso
dizer que foi mágico, a gente não errou nada, foi perfeito! Mesmo com todos os
acontecimentos, dançar esse repertório foi uma experiência incrível onde meu aprendizado e nível técnico evoluíram muito."
Lidiane Mendes como Fada do Açúcar e Rodrigo Rosa como Príncipe
O Quebra-Nozes - Noite de Gala, 2012
O Pas de Deux:
Desafio em Dose Dupla!
“Acredito que a parte que eu mais gostei de dançar foi o pas
de deux: a música é linda e a coreografia muito gostosa de dançar. Mas mesmo
sendo melhor e menos dolorida que a variação, eu também enfrentei alguns
contratempos... Eu e o Rodrigo éramos melhores amigos, fazíamos tudo juntos,
todos os dias, e nós acabamos dançando esse pas de deux juntos. Só que quando
você inicia um trabalho com alguém próximo você acaba tendo uma relação muito
diferente. Tanto eu como ele temos um gênio muito forte, a divergência de opiniões era grande, e pra dançar um pas de deux tem que se ter confiança no partner, pois é uma relação muito íntima. Pra você ter ideia nós brigamos tanto em todos os ensaios que a
Tamara chegou a falar assim pra mim: “Você tem que ficar quieta, bailarina não
fala!!!”. Esse ano nós vamos dançar juntos de
novo e a gente entrou num acordo, porque no final é sempre tão divertido que não
vale a pena brigar! Hoje a gente tem essa consciência de que “a união faz a
força!”.”
Interpretando a Gata Borralheira
"Ao contrário do que aconteceu no Quebra-Nozes, eu estou amando fazer a Cinderella! Até porque hoje eu tenho uma outra consciência, meu corpo está mais preparado, e ao meu ver a música casa perfeitamente com a história e também com a coreografia. O bailarino sempre vai se destacar mais em alguma coisa,
seja no balance (equilíbrio), na expressão, nos giros, nos saltos, no
alongamento... o meu forte com certeza é o balance, e nas sequências
coreográficas da Cinderella tem muito disso, esse papel acabou caindo como uma
luva. Me identifiquei muito com esse ballet!"
Lidiane Mendes como Cinderella
Ensaio fotográfico para o espetáculo "A Borralheira"
Olhando para o Futuro...
"O meu repertório preferido com certeza é Don Quixote, e eu sonho em dançar a peça inteira como Kitri. Outro número que eu quero interpretar e que eu tenho ensaiado sempre que posso é o pas de deux "A Escrava e o Mercador", do ballet "O Corsário". Aprendi essa coreografia num curso que fiz nas férias de julho e me apaixonei por ela! Mas o meu grande desejo mesmo é aprender e poder interpretar todos os papéis de todas as peças que existem!!! Como mencionei, eu não consigo ver a minha vida sem o ballet e eu quero seguir adiante na minha formação pra que esse propósito de fato se concretize!"
Que história hein??? A vida de um bailarino é assim, cheia de altos e baixos, mas no fundo a certeza é uma só: o amor pela dança fala mais alto e é esse sentimento que nos impulsiona a alcançar nossos objetivos.
Desejo que você Lidi consiga tudo o que deseja em sua vida... Quando te vi dançando no ano passado podia jurar que você começou quando criança. Você dança muito! Continue assim e vai chegar muito longe...
Grande abraço a todos pessoal!!!!
Faz 2 anos e meio eu acho que minha filha esta no Studio Tamara Lisa! E nossa acho incrivel a força de vontade dessas meninas principalmente da Lidiane, eu também achava que ela dançava desde pequena, ela tem uma expressão corporal incrivel parabéns e continue assim que vai almejar os seus objetivos!
ResponderExcluirTayná Fernandes (mãe da Stefanny Freitas)
Parabéns Lidi, pela sua determinação e esforço!!! Realmente vc é uma exceção no mundo do ballet e um exemplo para nossa alunas que iniciam seus estudos na fase adulta!
ResponderExcluirMe orgulho muito de vc!
bjs
Tamara Lisa